Acompanhando
o excelente momento vivido pelo setor pecuário o Brasil
está, de tabela, se tornando um dos maiores produtores
de couro no cenário mundial. Com um rebanho que ultrapassa
as 190 milhões de cabeças e exportações
batendo na casa dos 1,5 milhão de toneladas de carne,
a cadeia produtiva vem proporcionando crescimentos, também,
de setores como o coureiro, que aproveitam outros atributos
dos bovinos, além da carne e do leite. Dados da CNA,
Confederação Nacional da Agricultura, mostram
que no ano de 2004, a produção nacional de couro
cru foi de 39 milhões de unidades, crescimento de 36,5%
na comparação com 2003. Já para o produto
beneficiado esse crescimento foi de 15%, em média.
Deste total, 27 milhões de toneladas foram destinadas
à exportação e os outros 12 milhões,
ajudam abastecer a indústria nacional de calçados
e produtos afins.
Amadeu Pedrosa Fernandes, presidente do CICB, Centro das Indústrias
de Curtumes do Brasil, aponta que este seria um fato extraordinário,
não fossem os infindáveis problemas enfrentados
pela cadeia produtiva, para agregar maior valor ao produto
couro. Segundo Fernandes, a grande maioria dos problemas que
afetam a qualidade do couro têm sua origem na fazenda
e são decorrentes de marcações a fogo
em locais impróprios, riscos e marcas provocados por
cercas de arame farpado, galhos, espinhos e chifradas. Além
desses fatores, os estragos causados por ectoparasitas (bernes,
carrapatos, moscas de chifre) e meios de transporte inadequados,
provocam um prejuízo ao bolso do pecuaristas e consequentemente
à cadeia do couro de US$ 1 bilhão por ano. "Para
evitar estes e outros problemas, os técnicos recomendam
que o pecuarista deve marcar o gado na cara e abaixo das articulações,
ter um programa de controle parasitário sistêmico,
utilizar cercas de arame liso ou cercas elétricas e
evitar instrumentos pontiagudos e ser criterioso na escolha
de um caminhão para transportar os animais ",
enfatiza.
Outro problema enfrentado por produtores e frigoríficos
para obter uma maior valorização sobre o couro,
sobretudo, o " wet blue" e o couro salgado, são
os impostos sobre exportação. Com uma alíquota
que em meados de 2000, chegou a 9% instituída pelo
decreto lei nº 3.684, a Câmara de Comércio
Exterior (Camex), buscou, ao longos dos anos que se seguiram
atenuar os impactos da carga dessa alta carga tributária.
No último dia 15 de janeiro deste ano, por meio da
Resolução Camex nº 1, a alíquota
do Imposto de Exportação foi fixada em 7%, para
vigorar até 31/12/2004, segundo informação
da comissão Nacional de Pecuária de Corte, órgão
da Confederação Nacional da Agricultura ( CNA).
Também ficou definido um cronograma de redução
do Imposto de Exportação, que prevê queda
da alíquota para 4%, em 2005, zerando após 1º
de janeiro de 2006.
De acordo com o representante da entidade que representa a
indústria de curtumes, os preços médios
de exportação praticados ao longo de 2004, foram
de US$ 80,00/ Kg. do couro acabado e US$ 28,00/Kg. do couro
Wet Blue e salgado. No mercado interno os frigoríficos
receberam pelo quilo do couro verde (in-natura), o equivalente
a R$ 2,00. ou US$ 0,60 centavos. Nos Estados Unidos e na Argentina,
principais concorrentes, este mesmo produto foi comercializado
po US$ 1,40/ Kg e US$ 1,20/Kg, respectivamente. Fernandes
aponta ainda, o que, na sua opinião, é o principal
problema enfrentado pelo setor de curtumes atualmente. Pegando
como referência os números totais de exportação
em 2004, mais de 50% o que representa mais de 17 milhões
de unidades, foram enviadas ao exterior, sem valor nenhum
agregado. Para 2005, no entanto, os investimentos em criação
e melhoria da infra-estrutura para o parque coureiro nacional
devem ultrapassar os US$ 300 milhões, incluindo a construção
de novas plantas industriais em diferentes regiões
do país.
O setor de couros no ano de 2003, incluindo os segmentos da
indústria calçadista, de curtumes e de acessórios,
marcaram um superávit de US$ 3,8 bilhão número
que representa 11,5 % do superávit do país no
período. A participação do setor mais
representativa foi do segmento de calçados com US$
1,8 bilhão, seguido de perto pelo setor de couros com
US$ 1,4 bi e US$ 600 milhões do segmento de componentes.
Essa tendência de aumento na demanda veio acompanhada
de um mercado ávido por qualidade, observa Fernandes.
"Só para se ter uma idéia, até o
primeiro semestre de 2004, esse número das exportações,
já haviam crescido 23% em relação ao
mesmo período do ano anterior", conclui.
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