O combate à esses agentes compreende, além medidas
profiláticas como, vacinas e vermifugações,
o controle de doenças através da utilização
de outros medicamentos, com diferentes formas de aplicação.
As vacinas, como a tecnologia mais eficiente para a prevenção
e controle de determinadas doenças, são antígenos
de várias categorias, capazes de estimular no organismo
que os recebe, um estado de resistência parcial ou total
contra uma determinada infecção.
De
acordo com a pesquisadora da Embrapa, Luciene Drumond Madureira
, alguns pontos devem ser observados para que, a eficiência
de imunização das vacinas não seja prejudicada.
Segundo ela, esses fatores que podem interferir na eficácia
do tratamento estão diretamente relacionados com o
transporte, conservação, manuseio das vacinas
e execução da vacinação, após
a aquisição das mesmas no comércio especializado.
O grande problema neste caso é a falta de conhecimento
técnico dos profissionais sem formação
sobre a utilização correta do produto. Para
a pesquisadora é fundamental que algumas práticas
sejam adotadas e obedecidas para viabilizar a proteção
ideal do rebanho como, por exemplo, ao adquirir a vacina,
o criador deve verificar as informações contidas
nos frascos, cujos rótulos deve conter o número
de partida, data de fabricação e prazo de validade.
Já no transporte é importante que durante todo
o percurso, a vacina seja mantida de acordo com as exigências
do laboratório fabricante.
No
caso da conservação da vacina em geladeira,
a temperatura ideal que precisa ser mantida está entre
2ºC e 8ºC, cuidado este importante para evitar o
congelamento do produto. As seringas e agulhas também
devem ser esterilizadas (fervidas), sendo proibido o uso de
desinfetantes para a realização desse serviço,
porque os resíduos podem inativar a vacina. As vias
de administração e doses devem ser obedecidas
conforme recomendação do laboratório
fabricante e os frascos devem ser agitado todas às
vezes que a seringa for reabastecida. Segundo Drumond, diferentes
produtos nunca devem ser combinados, salvo quando as vacinas
são embaladas para serem misturadas subseqüentemente.
Além disso um cuidado importante é não
vacinar animais debilitados ou submetidos a atividades desgastantes
como, viagens prolongadas, trabalho de parto, ou seja, situações
que por si só, reúnem condições
de estresse excessivo.
Outro
cuidado importante, segundo a pesquisadora é não
utilizar vacinas de frascos já abertos e com sobra
de produto e após abastecer a seringa, o aplicador
deve recolocar o frasco da vacina no gelo e tampar a caixa
de isopor. "A cada grupo de dez animais vacinados, a
pessoa responsável pela aplicação deve
substituir a agulha por outra limpa e esterilizada (fervida)",
alerta. Além disso recomenda-se não vacinar
nas horas muito quentes do dia e, após a vacinação,
evitar movimentar os animais pelo menos durante uma ou duas
horas. Para facilitar o manejo, pode-se ainda utilizar mais
de uma vacina na mesma ocasião. Obedecer os prazo de
carência estabelecido para cada vacina, conforme laboratório
fabricante, evitando consumo de carne e leite, são
medidas que também ajudam a evitar problemas. A anotação
dos dados sobre a vacinação após a execução
deve ser feito, registrando, os animais vacinados, a data
de vacinação, o número de partida, o
laboratório e a validade da vacina. Além disso,
os frascos vazios devem ser incinerados.
Algumas
formulações merecem atenção especial,
pois contêm organismos vivos na sua composição
e seu manuseio de preferência deve ser realizado por
um médico veterinário. De acordo com a médica,
as vacinas contra brucelose e a tristeza parasitária
dos bovinos (TPB), são exemplos de vacinas vivas que,
no primeiro caso, inclusive, causam problemas ao homem. "Na
vacina contra a brucelose, o antígeno (vacina) vem
liofilizado, em um frasco-ampola, acompanhado de uma ampola
com o diluente. O vacinador deverá, com uma seringa
e agulha, remover o diluente da ampola e injetá-lo
no frasco contendo o antígeno liofilizado", explica
a pesquisadora. Feito isto o próximo passo é
homogeneizar bem com movimentos suaves para só então
encher a seringa de vacinação e aplicar a vacina,
na dose de 2 ml, por via subcutânea. "O manuseio
do produto deve ser criterioso, em virtude do risco de contaminação
do vacinador" alerta. Já as vacinas contra a TPB,
são também vivas, porém não existe
o risco de contaminação do vacinador por conta
da especificidade dos agentes. Essas vacinas são apresentadas
em tubos criogênicos, separadamente, um tubo contendo
a cepa atenuada de Babesia bovis, um com cepa atenuada de
B. bigemina, outro com o Anaplasma centrale e um frasco com
diluente. Os tubos com as vacinas são mantidos em botijão
de nitrogênio líquido, o que garante sua estabilidade,
conclui.
No
dia da vacinação, os tubos devem ser retirados
do botijão de nitrogênio líquido e descongelados
em banho-maria, a temperatura de 37°C, processo esse,
análogo ao utilizado para descongelar sêmen para
inseminação artificial. Após o descongelamento,
com uma seringa e agulha hipodérmica, o conteúdo
dos três tubos deve ser transferido para o frasco contendo
o diluente. Este frasco também precisa ser mantido
à temperatura ambiente. Após diluída,
a vacina pode ser utilizada por até doze horas no mangueiro,
desde que protegida do calor excessivo e dos raios solares.
No verão, é aconselhável manter a vacina,
após diluída, em uma caixa de isopor com gelo
para manter as condições ideais de conservação.
A dose é de 2 ml das vacinas diluídas por via
subcutânea, como as demais.
Todas
as medidas de natureza higiênico-sanitária, além
de outras práticas de manejo, são imprescindíveis
para a prevenção de diversas enfermidades. A
mamada do colostro, por exemplo, nas primeiras horas de vida
do bezerro, é fundamental para sua defesa contra os
agentes causadores de doenças, pois lhe confere os
anticorpos colostrais, além de vitaminas e minerais,
lembra a pesquisadora.
Principais
vias de aplicação
A
via Subcutânea é mais indicada para vacinas e
vermífugos, sendo que o local ideal para a aplicação
é a região compreendida atrás ou à
frente da paleta. Desse modo o animal não sofre, pois
essa é uma área fácil de ser atingida,
possuindo uma pele frouxa e fina, e apresenta maior segurança
para o aplicador. Escolhe-se uma dobra de pele e a agulha
é inserida até o fim. Direciona-se a agulha
obliquamente de cima para baixo e recomenda-se também
dobrar a pele, para impedir o refluxo do produto injetado,
explica. Se for injetado um volume acima de 10 ml para bezerros,
50 ml para bovinos adultos, recomenda-se dividir a dose em
diversas porções em locais diferentes. Atentar
sempre para os danos que poderão ser causados às
peles dos animais, como conseqüência de aplicações
mal realizadas, conclui.
No
caso da via intramuscular é recomendável aplicar
em músculos da região glútea (garupa),
e no músculo da tábua do pescoço. Na
garupa, deve-se evitar as partes próximas à
espinha dorsal, pois podem ocorrer lesões no nervo
ciático. Vacinas mal aplicadas podem ocasionar perdas
de carcaça em partes nobres dos animais. Com um golpe
rápido e forte, a agulha é inserida a 4 cm ou
5 cm de profundidade do pescoço. Em administrações
de medicamentos, também podem-se utilizar os músculos
da coxa, nunca se esquecendo que estão sendo manuseadas
regiões nobres dos animais. Antes de aplicar a injeção
é prudente recuar um pouco o êmbolo da seringa,
para certificar-se de que a ponta da agulha não está
em um vaso sangüíneo (essa situação
não se aplica utilizando-se seringas automáticas).
Se o sangue penetra na seringa, a agulha deve ser retirada
e inserida em outra direção ou em outro local
escolhido. "Essa é uma prática de injeção
relativamente complicada para quem não possui habilidade
e instalações para a contenção
dos animais, porém deve ser utilizada em caso de medicamentos
oleosos, vacinas e antibióticos específicos,
situações esclarecidas pela bula", conclui
a médica.
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