Normalmente,
quem parte para a formação de um mini laticínio
dentro da propriedade, ainda que em proporções
diminutas, não se arrepende. É o caso, por exemplo,
de Eribelto Vanderlei Ciryllo Rangel, proprietário
do Laticínio Serra Dourada, em Extrema, MG. Começando
a produção de derivados em 94, ele utilizou
a princípio, apenas o leite produzido na fazenda, tirado
de um rebanho de Pardo-suíço puro, com várias
matrizes importadas.
Inicialmente,
aproveitávamos o leite para fazer aquele queijo chamado
caipira, o queijo comum. Depois, porém, que a coisa
podia expandir mais e montamos o Laticínio, conta
Eribelto, acrescentando que, atualmente, está trabalhando
com 2000 litros de leite por dia no Laticínio. Eu
compro 1.200 a 1.300litros. Os planos são de passar,
já no próximo mês, para 3.000 litros/dia,
garante ele, animado com a recente obtenção
do SIF. Nosso problema maior era o SIF. Agora aprovados
os rótulos e tudo, já poderemos comercializar
inclusive em São Paulo. A capacidade do Serra
dourada, segundo o proprietário, é de 5.000
litros/dia, meta que ele espera atingir aumentando o turno.
A
propriedade tem 50 hectares, abrigando cerca de 100 cabeças,
sendo 34 a 35 vacas em lactação com uma produção
média de 23 a 24 kg por animal. Quer dizer, uma produção
diária de 720 a 750 litros que vai para o Laticínio.
O restante vem de outros produtores da região.
A gente tem feito um trabalho com os fornecedores no
sentido de melhorar a qualidade da matéria prima. Colocamos
à disposição profissionais e laboratórios
equipado para fazer regularmente análises no leite,
além de um agrônomo que dá orientação
até de como melhor explorar a área da propriedade
de nossos fornecedores. Quando se constata leite ácido,
eles vão lá, orientam, identificam porque está
dando acidez no leite. Na maioria das vezes, é problema
de higiene, que se resolve com orientação e
fiscalização.
Paralelamente a esse trabalho, Eribelto vêm também
orientando os produtores a investir numa melhora genética
do rebanho leiteiro. Eu tenho aconselhado que eles invistam
em Pardo Suíço, porque acreditamos que o nosso
resultado tem sido satisfatório em função
da maior rusticidade da raça e melhor aproveitamento
do macho, já que em termos de produção,
ele não vem perdendo para o Holandês. É
só usar a genética certa. A maioria dos fornecedores
do Laticínio Serra dourada trabalham com o Girolando
e gado comum com sangue holandês.
O próximo passo, segundo Eribelto, é começar
a colocar no rebanho desses produtores, sangue de Pardo Suíço.
Os animais são mais comuns aqui da região,
que são Girolando, que tem um pouco de sangue Holandês,
e são animais rústicos, de pouca produção
e o que a gente percebeu é que com o Pardo Suíço,
dá para melhorar a carcaça, a apresentação
do animal, o porte do animal e na produção também
se ganha, porque o problema maior do gado do pessoal aqui
é ter uma lactação muito curta. Você
tem às vezes uma vaca girolanda mestiça que
está dando 20 litros de leite. Sim, 20litros de leite,
mas em 60 a 90 dias cai para cinco. Ela não tem um
período bom de produção. Com o Pardo
Suíço a gente está tentando fazer isso:
melhorar e tentar dar uma estabilidade, um período
maior de lactação desejável de 305 dias.Com
essas ações, o criador tem buscado o que ele
chama de qualidade total. Nós estamos ainda na
fazer de consolidação das instalações.
Até por inexperiência, você muitas vezes
vai fazendo uma coisa e percebe que não é o
melhor caminho, muda. Mas, em termos de qualidade, nós
já estamos bem adiantados. Ração, já
estamos dando ração total. Pesagem, fazemos
semanalmente, tudo com balança eletrônic. Estamos
instalando agora uma nova ordenha toda informatizada, toda
eletrônica, com sacador automático. Em termos
de reprodução, estamos utilizando a técnica
do Ovatrac, ou Ovatec, que é o novo produto, e já
tem-se percebido alguns resultados. Já começamos
a usar há uns três a quatro meses e a coisa já
está começando a dar resultados. Estamos procurando
ter o máximo possível de tecnologia em busca
da qualidade...Vamos corrigindo, reformando,mexendo.....
Hoje a fazenda adota o sistema de duas ordenhas, uma pela
manhã e outra à tarde. A produção
média do rebanho é de cerca de 6000 Kg por lactação,
embora hajam vacas com cerca de 9000 Kg. O objetivo, conta
o criador, é chegar no mínimo em 7200 Kg de
média.
Zelando
pela qualidade
Entusiasmado
com a possibilidade de ampliar seu mercado consumidor, Eribelto
já almeja partir para produção de queijos
diferenciados, atingindo mercados mais seletos. Para
isso processamos o leite separadamente. Quando queremos fazer
um queijo da melhor qualidade, usamos apenas o nosso leite.
O leite que adquirimos na região está chegando
em torno de 3% de gordura. O nosso aqui tem 4,2% de gordura.
Atualmente, toda a produção esta sendo vendida
para o mercado de Extrema e Itapeva embora os planos sejam
eles, em curto espaço de tempo, alcançar mercado
em Bragança Paulista e Atibaia. Em São
Paulo, vamos procurar alguns supermercados para montar quiosques
com degustação, e a idéia é, mais
adiante, estar fazendo bebida Láctea.
Eribelto afirma não ter muito referencial para julgar
todas as vantagens de se deter a cadeia completa, já
que ele nunca trabalhou apenas com fornecedor e leite. O
que ouvimos são queixas dos produtores quanto a política
de preço e a regularidade nos pagamentos. Aqui, porém,
além da assistência técnica que damos
sem cobrar, nossa política é pagar preços
de mercado sempre um pouquinho a mais, e, sobretudo, pagar
no dia certo. Isso não, porém, o único
entrave superado com a decisão de partir para o Laticínio:
Aqui nós temos muita dificuldade com a localização,
com o acesso. Com o queijo não se tem problema de horários
Se estiver chovendo, você vai no outro dia de manhã,
enquanto que, com o leite, você tem escoar a produção
todo dia.
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