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FORÇA ITALIANA NOS CAMPOS BRASILEIROS
rev 23 outubro 1999

ABCM lançou o 2º Sumário da Raça, com análises de 43 touros, todos com, na mínimo, sei progênies controladas na desmama e aos 12 meses. O trabalho foi desenvolvido pelo Grupo de Melhoramento Genético Animal, da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos, da USP/Pirassununga. Os reprodutores são oriundos de 14 rebanhos dos Estados de Goiás, São Paulo e Paraná.

Não foi á toa que o diretor da Associação Nacional dos Criadores de Bovino Italiano da Carne (Anabic), Paolo Canestrati, declarou, durante a Expocorte 99, em São Paulo, que o rebanho brasileiro não deixa nada a dever aos melhores gados julgados nas pistas de todo o mundo. Os animais possuem carcaças modernas, tipo carne, têm rusticidade, fertilidade e conversibilidade. Quesitos necessários para o sucesso dos empreendimentos agropecuários na era globalizada.

Por sua vez, o zootecnista e proprietário da Progênie Melhoramento Genético, Roberto Vilhena Vieira, que, anualmente, vende cerca de 10 mil doses de Marchigiana e cinco mil de Chianina, comenta que o grande ganho da pecuária nacional está na seriedade da seleção genética pelos italianos. Sob coordenação da Anabic, o trabalho obedece um rígido controle para provas de performances dos reprodutores, dos quais apenas os melhores indivíduos ficam autorizados a entrar para coleta de sêmen. Durante o primeiro ano após o término da análises, a genética dos animais fica proibida de ser exportada, cuja liberação acontece somente touros começarem apresentar ganhos em seus filhos. É uma maneira deles protegerem a genética italiana, reservando o direito dos valorizar em avanço da pecuária local. No entanto, do lado importador, temos a certeza de que só compramos material testado. Os melhores dos melhores, pontua Vieira.

Sêmen e Inseminação

Só para lembrar, o sêmen é o único material que pode ser trazido da Europa, tendo em vista que as fronteiras foram fechadas logo após a polêmica da vaca louca. Sendo assim, a última importação de animais ocorreu em 1995, quando alguns criadores trouxeram 25 fêmeas e dois touros Marchigiana e 20 fêmeas Chianana, com o intuito de desenvolver a coleta de embriões e melhorar o plantel brasileiro. A procura cresceu tanto que, para o ano 2000, a Progênie prepara-se para aumentar sua comercialização em 50%, fruto da parceria com as associações e os próprios criadores. Esse aumento deve ser absorvido pelos pecuaristas do Centro-Oeste, Norte e Nordeste, prevê Vieira, revelando que há possibilidades de expansão para Argentina, Bolívia e Venezuela.

A grande melhoria da genética Marchiana no Brasil se deve ao touro Mirino, nascido em 1990, responsável por uma produção de 10 mil filhos na Itália. Atualmente, é a coqueluche dos criadores nacionais. Na última exposição da raça, em São José do Rio Preto (SP), realizada em setembro, 70% dos grandes campeões carregavam seu sangue. Mirino é pai de Daino e Círio, dois reprodutores selecionados no programa da Anabic.

Lezio é outro nome de destaque no trabalho de melhoramento genético do Brasil. È pai de Birbo, também aprovado na seleção da Anabic. Atento para oferecer opções de acasalamentos para os pecuaristas brasileiros, Vieira ressalta os exemplares Damasco e Enea. Estamos preocupados com um direcionamento de seleção, pois seleção animal nunca termina. Assim, é preciso oferecer uma genética compatível á continuidade de um trabalho que vem dando certo.

Prova de que a evolução das raças italianas é uma constante, basta observar os índices alcançados pelo gado Piemontês. De 1990 a 1998, a raça registrou um acréscimo de 1.200% no número de nascimento PO, passando d e 32 para 398. No mesmo período, os acasalamentos também aumentaram significativamente: 537%. A grande responsável pela multiplicação do rebanho é a transferência de embriões. Dados da Associação Brasileira dos Criadores de Bovinos da Raça Piemontesa (ABCBRP) indicam que, no ano passado, ocorreram 1.307 acasalamentos via TE, 232 por inseminação artificial e somente 37 via monta natural.

Nesse cenário, a Semenzoo do Brasil, que importa sêmen da raça desde 1989, registrou, no ano passado, uma comercialização de 34.928, quando conseguiu vender 16.206 doses. Para este ano, um dos diretores-proprietário da empresa, Paulo Ricardo Zanella Miguel, espera ganhar outros 50% com negócios do Piemontês. As características da raça, aliada á rusticidade, fazem desse gado um importante instrumento de rentabilidade da pecuária nacional.


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