O
produtor rural necessita de conhecimentos que garantam não
apenas a produção, mas especialmente a comercialização
do que foi produzido na propriedade rural. Com o objetivo
de integrar o tripé, composto pela atuação
que antecede a produção, a produção
propriamente dita e a comercialização, a Secretaria
da Agricultura e abastecimento do Estado de são Paulo
(SAA) e o Serviço de Apoio à Pequena e Micro
Empresa (Sebrae/SP), criaram, em março, o Sistema Agroindustrial
Integrado (SAI). A ênfase do projeto consiste
em integrar o produtor ao agronegócios, afirma
Carmelo Grisi Júnior, da Coordenadoria de Assistência
Integral (CATI), órgão da SAA responsável
pela extensão rural no Estado e encarregado do projeto.
Na parceria, cabe à SAA, por meio dos técnicos
dos Escritórios de Desenvolvimento das necessidades
e potencialidades agrícolas de cada região do
Estado mais assistência técnica na área
produtiva, e o Sebrae, apoio aos produtores nas áreas
de industrialização e comercialização
dos produtos. A iniciativa objetiva transformar os pequenos
e médios agricultores em produtores rurais aptos a
planejar suas propriedades e administra-las economicamente
sem a tutela do Estado.
O conceito inclui desde o preparo do solo até a embalagem
e colocação do produto no mercado. A previsão
dos técnicos envolvidos no projeto é de que,
até o ano de 2000, o SAI esteja operando em todas as
regiões do Estado. E, no final deste ano, em 180 municípios.
Para isso, contribui também a participação
de cooperativas e associações de produtores
rurais das diversas regiões.
Grisi Júnior explica que o planejamento do projeto
consiste em três fases, cada uma delas com avaliação
dos trabalhos, feita peça SAA e Sebrae. A primeira
fase, por exemplo, teve início em março e englobou
as regiões de Franca, Jaboticabal, Limeira, Registro
e Barretos. A segunda fase, iniciado no final de junho, em
Ourinhos,inclui Jales, Fernandópolis, Sorocaba, Mogi
Mirim e Botucatu. E a terceira e última, formada por
Bragança Paulista, Orlândia, Araçatuba,
Bauru, Marília, Tupã e Assis, deve ter início
em setembro e outubro.
Na opinião do coordenador da CATI, as três fases
do projeto englobam aproximadamente um treco dos municípios
do estado de São Paulo. Ele explica que existem 40
EDRs no Estado, que totalizam 646 municípios.
Mais: cada EDR reúne variado de municípios e
de técnicos, com médias em torno de 11 e 12
municípios entre 15 e 30 técnicos. A atuação
da CATI, que responde pela extensão rural em São
Paulo, o que significa já conhecer o perfil agrícola
de cada região, transforma-se em assistência
mais efetiva, segundo Grisi Júnior, com o objetivo
de orientar a produção, conforme a qualidade
exigida pelo mercado. A avaliação da primeira
fase está programada para agosto e as demais, entre
quatro e cinco meses após o início de cada fase.
Para unificar a abordagem aos produtores, os técnicos
da CATI e os técnicos do Sebrae, que trabalham em conjunto,
participam de um treinamento estruturado pelo Sebrae, denominado
Capacitação Rural, composto por orientações
sobre gerenciamento da propriedade. Somente após a
realização do curso é que os agricultores
são convidados a participar do SAI. Mais ainda: os
produtores também recebem esse treinamento, considerado
fundamental para a nova conceituação de atividade
rural transmitida a eles.
Menores custos, menos desperdícios e otimização
de ganhos resumem os princípios do curso de capacitação
rural, afirma Paulo Marcelo Tavares Ribeiro, consultor
de agronegócios do Sebrae e coordenador do projeto
de capacitação rural. Ele explica que o curso
é composto por quatro módulos, cada um com 16
horas de aulas. O primeiro, Organização Social,
aborda associativismo, cooperativismo e algumas das vantagens
que os trabalhos em grupo permitem, como a compra conjunta
de insumos, por exemplo.
O segundo, Custo de Produção, analisa conceitos
de produção, orienta sobre levantamento de patrimônio,
analisa planilhas simples de custos e cálculos de margem
de lucro, entre outros temas. Comercialização
é o terceiro módulo, composto por informações
sobre mercado, oferta e demanda, e conceitos de mercado futuro.
O último, Administração Rural, mostra
conceitos de administração e de comercialização,
mais a ampliação das informações
dos módulos anteriores. Este módulo inclui o
retorno de técnicos por três vezes, em meses
subseqüentes, para acompanhamento do grupo.
Ribeiro explica que mais um curso, Qualidade Total Rural,
integra o SAI. O curso é composto por duas partes.
A primeira, Qualidade Total Rural, com conceitos de qualidade
e duração de quatro meses. E, a segunda, De
Olho na Qualidade Total, em que são analisados descarte,
organização, limpeza, higiene e ordem mantida,
também com quatro meses de duração. Os
cursos são freqüentados por duas pessoas de cada
propriedade, normalmente o proprietário e o gerente.
O Sebrae, com 38 agências espalhadas pelo Estado, ainda
outras fontes de informações, embora essas fontes
não integrem o SAI. Ribeiro explica que o Rural Tec,
por exemplo, consiste em um banco de dados à disposição
do produtor, desde 1998. O banco reúne textos técnicos,
com temas variados; fitas de vídeo, que mostram modelos
de gestão empresarial; e uma lista de palestras técnicas
e de instrutores aptos a ministrar cursos a agricultores.
Mais: o Sebrae firmou parceria com o Serviço Nacional
de Aprendizagem Rural (Senar), para a disponibilização
de um banco de instrutores, desde julho. Isso significa que
os instrutores, também sem pertencer ao SAI, podem
ministrar cursos aos produtores.
|