Já
faz algum tempo que os expositores de sorvetes dos supermercados
vêm mostrando novas caras. São marcas, embalagens
e sabores diferentes, que oferecem produtos novos e mais baratos.
É a indústria de sorvetes trabalhando firme
para conquistar mercado, dominado por duas grandes potências
chamadas Kibom, fabricado pela Gessy Lever, e Yopa, produzida
pela Nestlé. Juntos esses dois nomes detêm entre
80% e 84% de todo o setor.
No entanto, assim como em outras áreas, de alguns anos
para cá, o negócio de sorvetes viu proliferar
uma série de pequenas empresas, que, hoje, também
participam do universo take home (leve para casa), cuja cada
cadeia representativa é formada pelos supermercados.
Só nos limites das fronteiras paulistas, há
485 indústria correndo atrás de um potencial
de exploração promissor. Não é
para menos, pois enquanto os Estados Unidos apresentam um
consumo de 21,7 litros de sorvete/habitante/ano, no Brasil
esse índice gira em torno de 2,6 litros/habitante/ano.
Trata-se de um dado formal, levantamentos junto a fornecedores
de máquinas e matéria prima estimam que
cada brasileiro consuma 5 Litros/ano, comenta o diretor
de Comunicação do Sindicato da Indústria
Alimentar de Congelados, Supergelados, Sorvete, Concentrados
e Liofilizados do Estado de São Paulo (Sincogel), Reinaldo
Malandrin.
Mesmo assim, há muito para se crescer, ganhar espaço
e conquistar novos nichos. Nesse cenário, os preços
caem, a demanda aumenta e a produção acelera.
Acontece, que para se conseguir redução, de
custos, substitui-se a matéria-prima, optando por mercadorias
que justifiquem menores valores finais. Aí, o leite
torna-se um dos primeiros componente a ser cortado da lista
de ingredientes. Os produtos mais nobres utilizam gordura,
animal, oriunda do leite bovino, in natura. Por sua vez, os
itens mais populares trabalham com derivados, como soro, leite
em pó, manteiga e até gordura vegetal, ressalta
Malandrin.
Uma situação que vai contra ao próprio
marketing nutricional do sorvete, que tem, nas características
do leite, sua principal ferramenta argumentativa. De acordo
com ele, até recentemente, o sorvete no Brasil ainda
é visto como um gelado de frutas,à base de água.
Faz pouco tempo que o produto passou a ser encarado com poder
alimentício. Para se ter uma idéia, ao utilizar
leite em pó, 10% do peso da calda do sorvete é
composta de leite. Com leite in natura, o leite
representa 2/3 do total da calda.
Para piorar, Malandrin anuncia que, somado os problemas tributários
nacionais e o preço do leite, a indústria do
sorvete legalizada tende a importar a mercadoria de outros
países. Dessa forma, a distribuição e
o comércio ganham em vantagens de impostos, o que deixa,
mais uma vez, a leiteira brasileira ferida pela falta de incentivo
governamental nas cadeias onde seu produto é fundamental.
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