A
transferência de embriões é, sem dúvida,
a grande responsável pela multiplicação
do rebanho de Piemontês no Brasil. Para se ter uma idéia,
em 1998, segundo dados da associação, ocorreram
1.307 acasalamentos via transferência de embriões,
232 por monta natural, entre animais puros de seleção.
Além disso, a última e única importação
de animais da raça ocorreu em 1974, quando o Instituto
Noroestino do Trabalho, Educação e Cultura (Intec),
recebeu um lote de 14 novilhas da Itália, que, por
um acordo filantrópico entre os países, não
podiam entrar em circuito comercial. Isso obrigou os criadores
a trabalharem diretamente com a inseminação
artificial, com sêmen importado, e transferência
de embriões. Este cenário ganhou forte impulso
pela participação de criátorios como
o da Apil Agropecuária, de 345 alqueires (200 para
a lavoura de feijão e 60 para pecuária), em
itaberá, e a Fazenda Lalin, de 167 alqueires (110 de
pasto), de Avaré, ambas no estado de São Paulo.
O plantel de Piemontês da Apil começou em 1981,
com o ínicio da produção de animais de
corte. Cinco anos mais tarde, a Fazenda passou a trabalhar
com gado puro, realizando a primeira coleta de embriões.
A partir daí, sempre utilizando sêmen dos melhores
rebanhos à base de uma genética tope, garantindo
uma seleção à altura dos melhores animais
mundiais da raça. Com uma produção entre
400 e 500 embriões/ano (congelado e a fresco), a propriedade
mantém parcerias de fornecimento - a Apil entra com
os embriões e os criadores com as receptoras. No desmame,
o valor do produto é dividido. " É uma
maneira que encontramos para aumentar o rebanho e, ao mesmo
tempo, divulgar o Piemontês", comenta Celso Rasi,
que também é diretor da empresa. Dessa forma,
a Apil trabalha diretamente na multiplicação
da raça. Poucas vacas parem na Fazenda, o que possibilita
maior oferta a um mercado carente desse tipo de gado. Aos
animais que ficam na propriedade, o manejo é feito
em pasto rotacionado de brachiaria decumbes e brizantão,
com suplementação de milho, sal mineral e farelo
de soja e trigo. " Não temos gado enconheirado",
ressalta Rasi. o rol das pioneiras em Piemontês puro,
hoje com 175 cabeças, a Lalin é outro empreendimento
que apresenta uma genética avançada e de fundamental
importância para a formação de um plantel
de qualidade no Brasil. Não foi à toa que, no
ano passado, ela saiu vencedora do 1º Ranking da raça,
recebendo as premiações de Melhor Criadora e
Melhor Expositora. Além disso, há quatro anos
abocanha o troféu da Grande Campeã da Raça,
com as matrizes Luna da Lalin T.E. (1997). Em 1997, também
subiu no pódio pelo desempenho atingido com o touro
Marche de Lalin T.E., considerado o GRande Campeão
daquele ano. Atuando com o Piemontês desde 1977, a Fazenda
adquiriu sua primeira matriz pura no leilão do Intec,
em 1986. Antes disso, foram alcançados os mais diversos
tipos de mistos (1/2, 3/4, 7/8) até se chegar ao animal
puro por meio de cruzamento. Atualmente, 30 doadoras encontram
- se em coleta, mas a comercialização é
fundamentalmente de fêmeas puras e machos. De acordo
com o administrador Renelson Duarte de Oliveira, o plantel
da Lalin está em pleno processo de seleção
e melhoramento genético. " Ainda estamos formando
nosso gado, o que exige observar o produto saber se será
interessante ou não segurar o animal na propriedade."
Trabalhamos desse tipo têm assegurado uma qualidade
de ímpar ao gado Piemontês no Brasil. Prova disso
são os produtos obtidos por meio de importação
de embriões, provenientes dos melhores criatórios
mundiais da raça. Nos últimos seis anos, chegaram
no País 950 embriões, vindos da Itália,
Polônia e Canadá, que, na opnião dos pecuaristas
nacionais, o resultados não bateu a performance já
alcançada pelos animais crioulos. " A surpresa
foi inferior às expectativas", orgulha - se Rasi.
Para o proprietário da Fazenda Caiçara, de Avaré
(SP), e futuro presidente da Associação, Silvio
Tuma Salomão, isso é reflexo da rigorosa seleção
e seriedade dos criadores. " Assim, nosso rebanho não
deixa nada a desejar ao gado italiano, merece maior atenção
dos pecuaristas brasileiros." De acordo com ele, trata
- se de um gado apropriado para quem pretende iniciar uma
produção de animais puros. " Além
disso, recomendo aos criadores de Nelore que experimentem
o Piemontês em seus cruzamentos. Com certeza, terão
sucesso" diz Salomão.
|